Os postos de vacinação no Brasil ainda não viram suas geladeiras abastecidas com a compra de vacinas de novos fornecedores, embora nesta quarta-feira (3), o governo federal tenha sinalizado com novos acordos com farmacêuticas. Até que contratos sejam assinados ou entregas sejam efetuadas, a CoronaVac e a Covishield (vacina de Oxford/AstraZeneca) são as únicas possibilidades concretas do Plano Nacional de Imunizações (PNI).
Mas, se as previsões do governo se concretizarem, os próximos meses devem ser marcados pela diversificação dos fornecedores e mais doses.
Status da vacinação
A vacinação no Brasil começou no dia 18 de janeiro. De lá para cá, mais de 7 milhões de pessoas já receberam ao menos uma dose das vacinas CoronaVac ou Oxford, segundo números da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), do Ministério da Saúde.
Até agora, mais de 17 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 foram entregues aos governos estaduais, segundo o Ministério da Saúde. A previsão, segundo cronograma atualizado em 28 de fevereiro, é de comprar mais de 414 milhões de doses até janeiro de 2022.
As possíveis vacinas para o Brasil
No dia 28 de fevereiro, o Ministério da Saúde divulgou uma atualização do cronograma de entregas e quantidades previstas das vacinas contra o coronavírus. Na lista, constam as vacinas:
Apenas três imunizantes da lista foram aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). As vacinas CoronaVac e Oxford foram liberadas para o uso emergencial no país. Já a Pfizer/BioNTech obteve o registro sanitário definitivo.
Previsões de doses a partir de março
O cronograma é dividido por doses contratadas, negociações "em tratativas" e "possibilidades". Oxford/Fiocruz, CoronaVac/Butantan, Covax Facility e Covaxin/Precisa Medicamentos aparecem como doses confirmadas; Sputnik V e Moderna estão "em tratativas"; Pfizer/BioNTech e Johnson são sinalizadas como "possibilidades" no documento.
De acordo com o Ministério da Saúde, o total contratado até 31 de janeiro de 2022, junto com "compras futuras", é de 414.911.800 doses. Se somar as "intenções", esse número sobe para 454.911.800 doses. O governo não contabilizou as possíveis doses da Pfizer e Johnson.
“A partir desta semana, já há uma estabilização da produção nacional, pelo Butantan e pela Fiocruz. Vamos ter entregas em quantidades muito boas. É o tempo de vacinar e chegar mais vacinas", afirmou, em nota, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
Covishield (Oxford/Fiocruz)
A vacina de Oxford, que ganhou o nome de Covishield no rótulo das doses preparadas na Índia, foi a principal aposta do governo federal, que comprou doses prontas e vai envasar e produzir doses no país por meio da Fiocruz.
Em entrevista a Reuters, o diretor da unidade da Fiocruz produtora de imunobiológicos diz que o instituto garantiu a chegada de vacinas já envasadas e trabalha para preparar estruturas e atender exigências da Anvisa para acelerar a produção local. A meta é ter o próprio ingrediente farmacêutico ativo (IFA) e produzir 110 milhões de vacinas com o próprio IFA no segundo semestre.
Atualmente, a Fiocruz enfrenta um atraso para o envasamento de doses da vacina da AstraZeneca a partir do IFA importado. Originalmente, a entrega das primeiras doses ao Ministério da Saúde estava prevista para fevereiro, mas a demora na chegada do IFA adiou para meados de março.
O Ministério prevê receber, de agosto até dezembro de 2021, mais 110 milhões de doses, todas fabricadas no Brasil.
CoronaVac
Apesar da resistência inicial do governo federal, o imunizante desenvolvido pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o instituto Butantan é o principal em uso no país. A previsão das próximas entregas prevê:
De outubro a dezembro deste ano, a previsão é de receber mais 30 milhões de doses da CoronaVac.
Covax Facility
O Brasil deve receber 10,6 milhões de doses de vacina contra a Covid-19 pela Covax no primeiro semestre. A iniciativa da OMS visa garantir o acesso equitativo às vacinas contra a Covid-19. A vacina disponibilizada será a da AstraZeneca.
Até o final do ano, país deverá ter 42 milhões de doses, segundo o Ministério da Saúde.
Covaxin
Na semana passada, o Ministério da Saúde disse que assinou um acordo para a compra de 20 milhões de doses da Covaxin, desenvolvida na Índia pela farmacêutica Bharat Biotech. O investimento foi de R$ 1,614 bilhão, de acordo com a pasta. O imunizante ainda não teve seu uso autorizado pela Anvisa.
Nesta quarta (3), a Bharat Biotech disse que a Covaxin é 80,6% eficaz na prevenção de casos sintomáticos da doença. Os dados são preliminares e não foram publicados em revista científica.
Sputnik V
A utilização da vacina Sputnik V, do instituto russo Gamaleya, ainda depende de fechamento do acordo e de aprovação da Anvisa. Segundo o governo, a negociação está “em processo das tratativas finais” para a compra da vacina. O imunizante ainda não teve seu uso autorizado no Brasil pela Anvisa. A previsão de entrega de doses, após o contrato ser assinado, é de:
Pfizer/BioNTech
A vacina da Pfizer/BioNTech é o único com registro sanitário definitivo, concedido pela Anvisa. O governo vinha resistindo à compra de vacinas da Pfizer sob o argumento de que o laboratório impunha condições "draconianas".
A decisão pela compra das vacinas dos dois laboratórios foi tomada em razão da aprovação nesta terça (2) pela Câmara de projeto que facilita a compra de vacinas por União, estados, municípios e empresas.
Na previsão mais recente, a proposta apresentada pela Pfizer e aprovada pelo Ministério da Saúde prevê 8,715 milhões de doses até junho; 32 milhões até setembro; e 59,285 milhões até dezembro — no total, são 100 milhões de doses.
Janssen - Johnson&Johnson
Assim como a Pfizer, a vacina da Johnson também entrou como "possibilidade" no cronograma, mas a compra já é dada como definida na cúpula do governo. Ela ainda não teve seu uso liberado no Brasil, mas tem uma vantagem sobre as outras: é uma vacina de dose única.
A proposta da Janssen seria de fornecimento de 38 milhões de doses no segundo semestre. Um dos pontos da negociação é a instalação de um parque de produção do laboratório no Brasil.
Moderna
A vacina da Moderna também aparece na tabela, mas não existe a confirmação da compra. Por isso ela é tratada como uma "possibilidade". O total de doses previstas para janeiro de 2022 é de 30 milhões.
Fonte: G1.